Educar filhos não é uma tarefa fácil. Choros, manhas, incansáveis pedidos fazem parte do cotidiano de muitos pais. E, para falar sobre este tema de uma forma mais leve e auxiliá-los neste processo de amadurecimento, conversamos com a psicóloga, mestre e especialista em psicoterapia psicanalítica pela USP, Sabine Althausen Zanotello. Atualmente, Sabine atende seus pacientes em consultórios em Santo André e São Paulo.
Quando nasce um filho todas as atenções se voltam para ele e isto é muito importante para que os pais se adaptem às necessidades do bebê, que são de proteção, aconchego, alimentação, sono. O ser humano só se torna viável física e emocionalmente a partir do envolvimento dos cuidadores e assim precisa ser, pois a capacidade de alguém cuidar de si mesmo depende de saber, pela experiência emocional, o que é ser cuidado.
Se num primeiro momento é fundamental que os pais se adaptem aos filhos, num passo seguinte é igualmente importante que os pais se conversem e auxiliem a criança a adaptar-se gradativamente ao mundo. Isto implica em aprender que não é possível alguém ter tudo o que quer na hora que quer, ou seja, é o momento de ajudar os filhos a lidar com frustrações. Tolerar que não somos perfeitos e que o mundo não é comandado a partir de nossos desejos cria a possibilidade de pensar e de perceber que o mundo é maior que cada um de nós e que as pessoas são diferentes umas das outras.
Quando as coisas acontecem de acordo com a expectativa que temos, vivemos uma experiência de satisfação e confiança em nós mesmos e no mundo, entretanto, quando as expectativas não se confirmam, nos vemos diante de uma frustação, quando então vários sentimentos podem surgir: raiva, tristeza, culpa, inveja... A maneira possível para digerir uma situação frustrante é poder pensar sobre o que foi vivido, afim de podermos aprender com a experiência e a aceitarmos ou a modificarmos. A criança e também o adolescente têm a tendência a querer que seus desejos sejam atendidos e será muito importante a ajuda dos pais quando estes perceberem que aquilo que o filho pede nem sempre é o que ele precisa. Por exemplo: ele pode estar pedindo um doce e naquele momento o melhor pode ser ele aprender a esperar pela refeição.
É benéfico ajudar os filhos a lidar com prazer e com realidade, como na história dos três porquinhos: todos os três querem cantar e dançar, mas aquele que tolerou esperar por mais tempo o momento de brincar até poder construir um lugar seguro e consistente para viver, teve mais estrutura para aguentar as dificuldades da vida bem como usufruir das boas coisas.